Tragédias históricas que começaram por falta de cuidado com componentes elétricos é o que não falta no Brasil. Estima-se que 60% das causas de incêndios no país sejam causadas por questões na rede elétrica, como sobrecarga e curtos-circuitos.
Abaixo, reunimos algumas das tragédias mais marcantes e que até hoje são usadas como exemplo na hora de prevenir acidentes.
Edifício Joelma – Fevereiro/1974
O Edifício Joelma é, com certeza, o maior exemplo de tragédia e até hoje é uma história que envolve muita dor e mistério. Aconteceu no centro da cidade de São Paulo.
Diz-se que o incêndio foi iniciado a partir de um curto-circuito no ar-condicionado do 12º andar e, por componentes altamente inflamáveis como carpetes e cortinas, o fogo se alastrou com uma rapidez surpreendente.
O locatário, o Banco Crefisul, foi responsabilizado e o número de vítimas foi arrasador: 191 vítimas fatais, contando com pessoas que, no auge do desespero, pularam do prédio; mais de 300 pessoas feridas e 30 corpos que, pelo nível de carbonização, nunca foram identificados.
Foi nessa tragédia que surgiu a lenda urbana das 13 almas, encontradas no elevador do edifício e que jamais foram identificadas. Um zelador e alguns visitantes dizem ter escutado gritos vindos dos túmulos, pois, sem identificação, os treze corpos foram sepultados lado a lado.
Para “aliviar a dor” do fogo da morte, a solução encontrada foi jogar água nas sepulturas e, assim, os gritos cessaram.
Edifício Andraus – Fevereiro/1972
Dois anos antes da grande tragédia do edifício Joelma, também em São Paulo, o edifício Andraus reunía escritórios comerciais, inclusive de multinacionais como a Siemens e a Henkel, essa última que dentre as vítimas fatais, seu presidente.
A causa do incêndio é atribuída a um curto-circuito em um luminoso de propaganda das Casas Pirani, uma loja popular da época. O fogo, em apenas quinze minutos, dominou seis andares do prédio.
Diferentemente do Joelma, o contingente de vítimas foi menor, de 16 pessoas, graças à desobstrução das escadas e do heliporto, responsável por possibilitar o resgate de diversas pessoas, que subiram ao último pavimento. Mais de 300 pessoas foram resgatadas de helicóptero e houve mais de 330 feridos no total.
O Joelma não possuía estrutura de suporte necessária para pouso de helicóptero, nem escadas de incêndio, impossibilitando o mesmo recurso.
Lojas Renner – Abril/1967
Essa tragédia aconteceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em um prédio comercial das Lojas Renner, a companhia de tintas e solventes.
Testemunhas contam que após um forte estrondo no primeiro andar, já era possível ver o fogo – especulado como tendo iniciado pelo descarte irregular de uma bituca de cigarro. Por ser um depósito de armazenamento de solventes e tintas, ou seja, material inflamável, logo se transformou em uma tragédia de grandes proporções.
Com escadas estreitas e apenas 20 extintores de incêndio em todo o prédio, o resgate era dificultado e foi dramático. Houve 60 pessoas feridas e 41 vítimas fatais, das quais duas pessoas se jogaram das janelas devido às altas temperaturas.
O prédio precisou ser demolido após o incêndio, depois de comprometida sua estrutura, foi reconstruído e continuou a pertencer às Lojas Renner.
Edifício Grande Avenida – Janeiro/1981
Em pleno sábado de carnaval, uma sobrecarga causou um curto-circuito na parte baixa do prédio que, tendo condições precárias de segurança, se alastrou rapidamente.
O prédio abrigava duas agências bancárias, escritórios comerciais e a torre da TV Record na oportunidade. Esse mesmo edifício já havia passado por um pequeno incêndio em 1959 e ainda assim não renovou suas políticas de segurança.
A falta de água na região também ajudou a determinar a larga proporção da tragédia. A sobreloja, ocupada pela empresa Toyobo do Brasil, onde iniciou-se o fogo, era o único local sem porta corta-fogo na escada de emergência.
Com 53 feridos e 17 vítimas letais, a tragédia apenas não teve números mais expressivos por se tratar de um sábado de carnaval, com um contingente menor de ocupantes. A grande maioria das vítimas trabalhava para a Construtora Figueiredo Ferraz, que era um dos escritórios do prédio, que só não teve os últimos três andares completamente destruídos.